* Meus caros e caras, segue abaixo a terceira atividade para vocês fazerem. É um pouco extensa mas vale muito, leiam o texto, assistam os videos e respondam as questões.
* Na segunda feira (14/03/2016) estarei na escola com outros professores por volta das 10h, então quem quiser já pode me entregar os primeiros exercícios.
A luta e a greve continuam, mas elas valem à pena.
Abraços meus queridos!
Texto 1
O Debate sobre a globalização: um ponto de partida sociológico
A globalização é um momento do sistema
capitalista que pode ser entendido como um fenômeno de múltiplas dimensões –
econômica, social, politica e cultural. O estudo da globalização vem sendo
feito a partir da articulação dos conceitos utilizados para explicar a
organização e as consequências do capitalismo. Trata-se, portanto, da análise
de relações de poder, organização da produção e ideologias produzidas em escala internacional, com consequências
importantes para nossa experiência no mundo.
Como todo debate que envolve diferentes
agentes sociais com interesses conflitantes, a globalização também produz
leituras divergentes sobre seu funcionamento atual e suas possibilidades
futuras. O pensamento único procura estabelecer a globalização como um
processo natural e benéfico na história da humanidade. A crítica a essa forma
de análise pode ser dividida em duas posições, uma otimista e outra pessimista,
em relação aos beneficios sociais e as outras possíveis consequências.
Para o pensamento único, a globalização é
um momento de realização do sonho de reduzir o mundo a uma única aldeia global.
Nessa aldeia, a tecnologia permitiria a difusão imediata das notícias e
manteria toda a população informada, ao mesmo tempo que tornaria as viagens
cada vez mais rápidas, encurtando significativamente as distâncias. Tal
mobilidade permitiria o funcionamento de um gigantesco mercado global capaz de
tornar homogêneos os diferentes os diferentes locais do mundo e produzir,
assim, uma identidade universal que serviria de fundamento para a instauração
de uma verdadeira cidadania global.
Essa visão idílica (sonhadora, utópica) da
globalização é duramente criticada por especialistas nas Ciências Humanas, como
o geógrafo baiano Milton Santos, que em sua crítica, procurou desmistificar o
pensamento único. Para fundamentar seu
argumento, Santos partiu de evidências sociológicas sobre a distribuição da
riqueza e do poder que explicam as
desigualdades sociais nos planos internacional e local, para então demonstrar o
caráter ideológico de tal posição sobre o momento atual do capitalismo, ou
seja, como essa visão do mundo como uma grande aldeia global, pregada pelo
pensamento único, só funcionava para os ricos, o restante da população ficava
de fora dessa “grande aldeia”.
A velocidade com que as noticias circulam no
mundo nem sempre se traduz em informação para as pessoas. O proclamado
encurtamento das distâncias atende apenas aos que possuem condições financeiras
de viajar, e o grande mercado global tem, cada vez mais, demarcado diferenças
regionais e promovido o consumismo. Ignorância, pobreza, desemprego,
incapacidade de exercer a cidadania, disputas étnicas e diferenças
separatistas ainda são situações comuns no planeta.
Entretanto, se a crítica à ideologia de uma
globalização livre de problemas é pessimista, isso nos leva também a pensar
sobre a possibilidade de ser estabelecida outra globalização. As bases técnicas
que permitem que a globalização intensifique os aspectos negativos do
capitalismo, evidenciados por desigualdades e violações dos direitos humanos.
Tais consequências decorrem da forma como esses meios são empregados pela
sociedade, eles poderiam portanto, ser utilizados para promover os ideais
modernos de liberdade, igualdade e fraternidade no plano internacional.
Há evidências no mundo globalizado que
justificam essa posição otimista, pois em todo o mundo é possível reconhecer os
potenciais democrático que um uso alternativo de capacidade tecnológica e cultural da humanidade permitiria. Essas evidências
podem ser percebidas nos seguintes fenômenos:
1º: A
mistura crescente de povos, culturas e costumes
promove outra mistura, de filosofias e pensamentos, que lentamente acaba
com a exclusividade do racionalismo europeu (o modo de pensar o mundo como
apenas os países ricos europeus pensam, como se a África e Asia não existissem
) na construção das “verdades” do mundo.
2º : A
aglomeração de pessoas em áreas menores intensifica essas trocas e a produção
de ideias e de ações novas, o que foi chamado de sociodiversidade.
3º: A
emergência da cultura popular, que se apropria dos meios de cultura de massa,
imprime valor estético e cultural a um espaço antes ocupado pela lógica do
mercado.
Essas evidências apontariam para a
sobrevivência e o revigoramento das relações locais, abrindo a possibilidade de
usar os avanços tencnológicos a serviço da humanidade.
(Sociologia
em movimento, pg. 286, 287 e 288).
Texto 2:
Por uma outra globalização – Milton Santos
Além dos aspectos vistos sobre a
globalização, vimos também em nossa segunda aula que o geógrafo brasileiro
Milton Santos analisando o processo da globalização e seus impactos para o
mundo atual, separou a globalização em três etapas, em três faces diferentes:
A
globalização como Fábula - o mundo tal como nos fazem crer
A globalização como fábula é imposta principalmente pelos meios de comunicação
a todos que procura enfatizar o planeta em que vivemos como um amplo espaço e
que podemos sim explorá-lo com o consumo. Como a padronização cultural, onde as
pessoas são atraídas pelas mesmas coisas, mesmos hábitos, mesmos costumes e que
ainda desfrutam de uma mesma rede que nós conhecemos como internet que fez com
que nós ficamos presos numa gigante aldeia global, sem ter pra onde ir. Mas ao
mesmo tempo nos dá uma importante noção de que o mundo está dentro da nossa
casa, o capitalismo nos devorando e nós nem percebemos graças à globalização
como fábula.
Um descaso com o estado que aparentemente ficou
distanciado das demandas sociais, pois ele o estado precisa se apequenar as grandes
corporações que hoje detém o poder sobre o próprio estado. Percebemos que
vivemos em um único mundo, um mundo voltado a atender as necessidades das
grandes empresas, vivenciamos uma nova tendência mundial de mercado.
O mundo
como ele realmente é – a globalização como perversidade
A globalização como uma fabrica de perversidades
tais como: fome, desabrigo, AIDS, mortalidade infantil, analfabetismo, enfim
gravíssimos problemas sociais, quase sem solução na globalização em que
vivemos, infelizmente para a maior parte da humanidade, o desemprego crescente
consequentemente a pobreza aumenta e a classe media perdem em qualidade de
vida, novas enfermidades se instalam e as velhas doenças retornam com força
total. A perversidade está na raiz desta evolução negativa da humanidade e
estes processos estão diretamente ligados com a globalização.
O mundo
como pode ser – uma outra globalização
Podemos pensar na construção de um outro mundo, uma
globalização que volte seus olhares a esses problemas citados, uma globalização
que se engaje sistematicamente a todas as pessoas, ou seja, um processo
globalizado mais humano. Que em vez de apoiar sempre o grande capital
internacional que possam servir a outros interesses sociais e políticos e não
apenas econômicos.
Alguns são os fatores que poderiam colaborar pra isso: a miscigenação de povos,
culturas, valores, gostos, credos em todos os quatro cantos do globo
possibilitaria uma outra globalização, um outro discurso é possível, uma nova
visão de mundo, devemos urgentemente reaprender a ver o mundo.
* Abaixo seguem algumas música que levam em consideração a temática da globalização em todas as suas dimensões. Procure escutar cada uma e ver em qual dos 3 tipos de globalização citados no texto 2 elas se enquadram.
Carta aos missionários - Biquini Cavadão
Pela internet - Gilberto Gil
Alagados - Paralamas do sucesso
Comida - Titãs
* A partir
da leitura dos dois textos e das música, responda as questões abaixo:
1) Como o
chamado “pensamento único” explica o que é o processo da globalização?
2) Segundo
o texto 1, qual era a posição do geógrafo Milton Santos sobre o pensamento
único? Favorável, contrário ou indiferente? Retire do texto um trecho que
confirme sua resposta.
3) O texto
1 observa que, se por um lado os efeitos da globalização levaram ao aumento da
exclusão e da desigualdade, por outro, as tecnologias poderiam ser usadas para
promover uma globalização mais humana. Quais são as três evidências que justificam
esta posição otimista sobre a globalização? Retire do texto essas três
evidências.
4) A
partir da leitura do texto 1, o que seria uma crítica otimista à globalização?
5) partir
da leitura do texto 1, o que seria uma crítica pessimista à globalização?
6) Qual
(ais) da(s) música (s) acima melhor exemplificam a ideia da globalização como
fábula, caracterizada no texto 2?
7) Qual
(ais) da(s) música (s) acima melhor exemplificam a ideia da globalização como
ela realmente é, caracterizada no texto 2?
8) Qual
(ais) da(s) música (s) acima melhor exemplificam a ideia da globalização como o
mundo pode ser, caracterizada no texto 2?
Meus caros deixo como sugestão para quem quiser entender melhor o tema da globalização como um processo de violência dos países ricos sobre os mais pobres na visão do geógrafo brasileiro Milton Santos, o documentário O mundo global visto do lado de cá. Para os que puderem, será um ótimo exercício para o ENEM e para o desenvolvimento de sua própria visão crítica.
Bons estudos.
Abraços !!!
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